segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O POVO: Cinco presos por fraude em concurso

Grupo foi pego em flagrante e, se não tivesse sido descoberto, poderia exercer uma função-chave para o setor carcerário do Ceará. A partir de 2012, será dos agentes o papel de fazer a segurança dos presídios


Eles foram monitorados por quase dois meses. Tiveram os perfis vasculhados antes de resolverem qualquer questão. Ontem, foram para o campus da Universidade Estadual do Ceará (Uece), no Itaperi. Acabaram presos por tentativa de fraude do concurso da Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus) para a contratação de 800 agentes penitenciários.

As detenções chegaram a 13. Contudo, oito suspeitos foram liberados em seguida por falta de provas. Eles seriam os chamados “pilotos”, pessoas muito inteligentes contratadas para responder à prova o quanto antes e passar o gabarito para quem ainda está em sala. Tudo seria enviado para um aparelho similar a um celular.

A operação envolveu 90 policiais e agentes da Sejus. Uma pessoa foi presa tão logo os portões da Uece abriram. Na revista, o rapaz foi flagrado com o equipamento na sola do sapato. Ao fim do teste, outros quatro foram pegos. Um deles tentou esconder a máquina na calça.

Todos são homens e pernambucanos. As identidades não foram reveladas. “Montamos uma equipe para acompanhar essa possibilidade (de fraude). Claro que não conseguimos monitorar todos os candidatos. Mas soubemos que pessoas de outros estados podiam vir pra cá e colocamos todas no mesmo campus para podermos flagrá-las”, disse ao O POVO a titular da Sejus, Mariana Lobo.

Além do setor de inteligência da Sejus, atuaram no caso as inteligências da Polícia Civil e Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Os cinco presos prestaram depoimento ainda ontem à noite, na sede da Delegacia Geral da Polícia Civil.

Segundo o delegado Júlio Agrelle, todos negaram ter algum tipo de ligação. Por isso, a princípio, não se fala em formação de quadrilha. “Cada um foi aliciado por uma pessoa diferente. Não há indícios de que tenham atuado em outros concursos nem que o esquema tenha raízes no Ceará”, informou.

Capturados em flagrante, eles responderão por estelionato agravado pelo crime ter sido cometido contra entidade pública. Se os acusados não conseguirem liberdade provisória, o inquérito é encerrado em dez dias. Do contrário, durará até um mês, podendo ser prorrogado pelo mesmo período.

Se tivesse efetivado a fraude, o grupo poderia assumir cargos estratégicos para o sistema carcerário cearense. Conforme O POVO adiantou em 6 de agosto com exclusividade, os agentes penitenciários serão responsáveis pela vigilância, custódia, guarda e escolta dos presídios a partir de fevereiro de 2012. Hoje, essa é uma atribuição da PM.

O processo seletivo prevê outras etapas e só deve ser concluído em junho, com os profissionais assumindo os postos no segundo semestre do próximo ano. “Por isso, os monitoramentos vão continuar, principalmente na fase de investigação social do candidato”, adianta Mariana Lobo.

Como não houve troca de informações entre detidos e presos, a Sejus descarta anular o concurso, válido para Fortaleza, Litoral Oeste, Sobral, Ibiapaba, Sertão dos Inhamuns, Sertão Central, Baturité, Litoral Leste, Jaguaribe e Cariri. Os presos foram eliminados do certame, que terá resultado publicado no site da Secretaria em dez dias úteis.

Como

ENTENDA A NOTÍCIA

Candidatos preparados sairiam cedo da prova e enviariam gabarito para “celulares”. Máquinas teriam sido compradas por R$ 5 mil e, se aprovados, os contratantes pagariam R$ 10 mil pelo serviço.

Bruno de Castro
brunobrito@opovo.com.br

jornal O POVO.

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